Violência doméstica cresce em Santa Catarina, registros aumentam 15,5% em 2024
Estado registra 17.185 atendimentos pelo Ligue 180, especialistas apontam maior confiança nos canais de denúncia
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A violência doméstica contra mulheres continua sendo um grave problema social, atingindo vítimas de diferentes idades, classes e contextos culturais. Esse tipo de agressão ocorre principalmente dentro do ambiente familiar ou em relações afetivas, manifestando-se de diversas formas, como violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.
A violência psicológica, por exemplo, pode ser tão destrutiva quanto a física, envolvendo ameaças, humilhações, isolamento e manipulação emocional. Muitas mulheres permanecem em relações abusivas devido ao medo, à dependência financeira ou à falta de apoio da sociedade e da família.
No Brasil, a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) representa um marco no combate à violência doméstica, prevendo medidas de proteção às vítimas e punições mais rigorosas aos agressores. Além disso, canais de atendimento como o Ligue 180 e delegacias especializadas têm sido fundamentais no acolhimento e na orientação das mulheres.
Em Santa Catarina, a busca por ajuda tem crescido, refletindo uma maior confiança nos canais de denúncia. Somente em 2024, o Ligue 180 registrou 17.185 atendimentos no estado, um aumento de 15,5% em relação ao ano anterior. O número de denúncias também subiu 12,3%, totalizando 4.029 casos.
A maioria das denúncias foi realizada por telefone (3.570), enquanto 370 foram recebidas pelo WhatsApp. Do total, 2.335 denúncias partiram das próprias vítimas, enquanto 1.692 foram feitas por terceiros. O ambiente doméstico continua sendo o principal local das agressões, com 1.492 casos ocorrendo na casa da vítima e 1.490 na residência compartilhada com o agressor.
Os dados também indicam que muitas mulheres sofrem agressões de forma contínua. Em 1.848 casos, as vítimas relataram episódios diários de violência, e em 978 atendimentos, afirmaram que os abusos ocorrem há mais de um ano. Mulheres brancas representam a maior parte dos registros, com 2.407 casos contabilizados.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou que o crescimento das denúncias está relacionado à maior confiança no Ligue 180, que passou por melhorias desde a retomada do Programa Mulher Viver sem Violência. "Estamos investindo na capacitação das profissionais e na divulgação do canal, garantindo um atendimento qualificado e ampliando o alcance das denúncias", afirmou.
O Ligue 180 é um serviço gratuito e pode ser acionado de qualquer lugar do Brasil, 24 horas por dia. Em casos de emergência, a orientação é ligar para a Polícia Militar pelo telefone 190.
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